Sobre as minhas
mensagens salvas na pasta ‘rascunho’
Eu escrevi duas
páginas inteiras e ainda assim não te enviei. Por várias vezes eu quis
dizer tudo que eu sentia. Do quanto eu me sentia bem ao teu lado, de como era
bom passar o dia ouvindo músicas e achando que todas elas faziam sentido com
nossa história. Eu escrevi sobre teu sorriso.
Sorriso que eu adorava. Falei do teu abraço, sobre nossas conversas, desde as que terminavam em risos,
até aquelas que te deixavam irritada. Dos teus beijos e de tudo que eu sonhei
pra nós dois.Tudo bem que eu não soube expressar o meu carinho em palavras de novela, no entanto escrevia o que me fazia bem em você. Eu não tive coragem de te enviar e, por diversas vezes eu quis
fazê-lo. Covardia quem sabe, mas sempre me importei muito com o que você iria
pensar e dizer se lesse tudo aquilo. Talvez você amasse, porém, como nunca fui
confiante (você foi e sempre será minha maior insegurança), achava que você
fosse rir compulsivamente e mostrar pra todas as suas amigas, que como você são
terrivelmente estúpidas.
Estúpidas. Você, suas
amigas e todas as vezes que escrevi falando que te odiava. Eu escrevi sobre teu
jeito fútil e superficial, sobre teu péssimo hábito de falar mal da roupa
alheia. Dizia que você é uma idiota. Idiota por não estar comigo, idiota por me
fazer sofrer, idiota por ser você. Precisa mesmo vir me dizer o quanto está
feliz? Ser feliz só não basta? É realmente necessário jogar tudo na minha cara, para
que eu me sinta a pior das criaturas por me incomodar com tua alegria? Na
verdade, as cartas em que eu externava meu rancor não foram enviadas porque eu
nunca consegui te odiar. Tudo ali era mentira.
Mentira se eu disser que não
penso mais em você. E mesmo que já tenha ouvido até cinquenta e uma receitas
pra te esquecer, na mesa de um bar com qualquer bebida barata como companhia,
não foi suficiente. Nem mesmo com todos à minha volta distribuindo conselhos pra
que eu desencanasse de você (na verdade acredito que o ser
humano em si é desse jeito, ele resolve a vida do outro de uma forma tão
simples, mas a sua própria é sempre um turbilhão de emoções). A tua
presença em minha mente e a tua ausência em minha vida não me deixam te esquecer.
Esquecer do que nós não
vivemos. É isso que me atormenta. Hoje sinto falta não necessariamente de você,
mas do que um dia você representou em minha vida e que se foi. Como se nada
tivesse existido. Minhas cartas continuam salvas na pasta rascunho, elas ainda
vão continuar lá, até eu me recuperar, até a gente se recuperar. E quando isso
acontecer vou mandá-las pra pasta lixeira.
massa !!
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