Sobre
a chuva e porque Ela ainda me faz lembrar de você
Choveu em mais um fim de noite. Choveu
daquele mesmo jeito de quando Ele ia deixar Ela em casa. Aquela chuva que
chegava tímida no céu. Tímida da mesma forma de como se deu o caso Deles. A
chuva nem parece que vai durar a noite toda. Parece que vai surpreender da
mesma forma como Ele se surpreendeu ao perceber que estava tão ligado ao colo,
as palavras e ao gosto do beijo Dela.
Desde que Eles se deixaram, uma chuva como
essa não caía por aqui. Pelo menos não nesse horário, com essa sintonia tão
perfeita que fez Ele lembra-se daquelas noites de novembro. E dessa vez, parece
não ter doído tanto Nele. Outra surpresa, Ele confessou a si mesmo. No entanto, não
sabe ao certo, talvez só precisasse disso. Ele precisava se manter longe, andar
com as próprias pernas. Parar de querer tê-La a cada minuto, de tentar a todo
custo fazer-se presente numa vida que há muito tempo talvez, Ele não fosse mais
tão importante.
A chuva ainda caía quando Ele
lembrava Dela e das coisas que diziam sempre que se viam. E, enquanto ela
escorria pelo seu rosto na noite quente e abafada, Ele fez uma oração aos deuses
pelos dois. Ele pediu para que um dia, os dois consigam ter aquela troca de
energia positiva que sempre tiveram novamente. Ela disse uma vez, que tudo ficou pra
trás. Ele não levou a sério porque tem fé. Fé nas forças divinas, na natureza, fé em qualquer coisa
superior. Ele sempre acreditou no que é bom, e que mesmo uma simples gota da
chuva que ainda caía sobre o seu rosto, tinha um proposito e estava ali por
algum motivo. Crenças, doutrinas e valores dos mais nobres, talvez essas fossem
as principais virtudes Dele.
A chuva cessara e Ele lembrou
daquela paixão que não pôde crescer. Ele recordou do carinho, do jeito sincero
que Ela o olhava. Do cuidado e da confiança que Eles transmitiam um ao outro a
cada mensagem que trocavam. Ele lembrou, se culpou e engoliu um choro que há
tempos não vinha. Veio Nele aquele sentimento nostálgico, e da mesma forma que
um garoto tem medo da chuva e dos trovões, Ele teve medo do que sentia. Bobeira,
mas talvez aquele sentimento merecesse que fossem enfrentadas chuvas, trovões,
ventanias e até mesmo tempestades para se tornar sólido.
Dizem
que após a chuva, vem a calmaria. Eles parecem ter deixado os medos e as armas
de lado e seguem em frente. Sem saber nem querer saber muito um do outro. Na
verdade Ele ainda pensa: Será que Ela se lembrou de mim, quando viu a chuva
cair nessa noite quente, nesse horário que era só nosso?
Então Ele respira fundo e sente uma brisa suave pouco
antes de dormir. Hoje tem a certeza que podem existir pessoas e coisas muito
boas por vir em sua vida. Sente apenas a chuva que vem do céu. A chuva dos seus
olhos não se aproxima mais.
O vento vai dizer
Lento o que virá,
E se chover demais,
A gente vai saber,
Claro de um trovão,
Se alguém depois
Sorrir em paz
Só de encontrar ♪ ♫